Eu admito que estive em crise. Durante quase uma década, eu resenhei todos os livros que li. Nos últimos anos, confesso que escrever sobre cada leitura deixou de ser um prazer e se tornou cada vez mais uma obrigação. Quando descobri a gravidez, porém, em janeiro de 2022, quis e precisei reavaliar as minhas prioridades. E desde então, deixei de falar sobre muitas obras que li.
Isso me incomodou e talvez ainda incomode. Afinal, eu sempre tive certo orgulho de ter registrado tão detalhadamente todas as minhas leituras por tantos anos. Por que parar? Bom, porque a vida muda e, invariavelmente, a gente muda com ela. Desde que me tornei mãe, há 2 anos e meio, venho lutando contra o fato de que escrever sobre TODAS as minhas leituras se tornou um fardo – e não apenas pela rotina corrida e cronometrada. Tentei manter o hábito de resenhar pelo menos os livros que mais mexeram comigo, e falhei – tenho falado sobre todas lá no YouTube, mas é diferente…
Então, depois de muito resistir, aceitei que realmente não quero mais escrever resenhas sobre tudo o que leio. Claro que, vez ou outra, podem aparecer textos dedicados a um livro específico. Mas sem cobranças e obrigatoriedade. E para acalmar meu coração um pouquinho, decidi falar brevemente sobre as minhas leituras em um post mensal, que será publicado aqui e na minha newsletter!
E assim, chegamos ao que realmente interessa: a primeira edição do ReaDrops <3
O PERIGO DE UMA HISTÓRIA ÚNICA, Chimamanda Ngozi Adichie

Baseado em um trecho de uma palestra de Chimamanda no TED Talk em 2009, O perigo de uma história única traz reflexões e mensagens extremamente necessárias. Em apenas 42 pequenas páginas, o livro aborda questões de raça, fala sobre a importância da representatividade, evidencia as consequências negativas dos estereótipos e ainda exalta o poder que os livros têm de transformar nossas histórias únicas em tramas plurais. Mais atual do que nunca, O perigo de uma história única também mostra o quanto escutar apenas uma versão dos fatos prejudica o nosso pensamento crítico e nos impede de formar uma ideia um pouco mais próxima da realidade.
Título original: The danger of a single story
Editora: Companhia das Letras
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Tradução: Julia Romeu
Publicação original: 2009
A LONGA MARCHA, Stephen King
A Longa Marcha é uma prova de resistência em que 100 garotos concorrem a “O Prêmio”, que consiste na realização de qualquer desejo que o vencedor tiver pelo resto da vida. Mas, para vencer a competição, os concorrentes precisam estar dispostos a dar o sangue – literalmente – e o ganhador será, na verdade, o único sobrevivente.

Nós, leitores, acompanhamos a Longa Marcha de camarote, a partir do ponto de vista de Ray Garraty, ou “O Garoto do Maine”. Super fluida e envolvente, a trama tem contornos distópicos – com direito a um governo autoritário – e, como seria de se esperar, não economiza em cenas gráficas e aflitivas. A história nos leva a refletir sobre quem nos tornamos quando chegamos ao limite. Ou será que quem realmente somos é que se revela em situações extremas? No mais, acredito que seja uma história que começa e termina em si mesma, nos convidando a saborear a jornada em si.
Título original: The Long Walk
Editora: Suma
Autor: Stephen King
Tradução: Regiane Winarski
Publicação original: 1978
ELA E O SEU GATO, Makoto Shinkai
Infelizmente, a minha primeira decepção de 2025 :( A minha expectativa era a de que Ela e o seu gato fosse um mangá no estilo ficção de cura, gênero que tem me agradado muito nos últimos tempos. E eu não estava exatamente errada, já que alguns aspectos da história realmente se encaixam em tal proposta. No entanto, Chobi, o gato em questão, me incomodou profundamente – não acredito que eu estou falando mal de um personagem que é um GATO!! Isso porque Chobi passa a maior parte do mangá tecendo elogios à aparência e ao cheiro de Miyu, sua dona.

Eu sei, eu sei, ele é um gato e, para os felinos, o cheiro é um elemento importante. Mas Chobi ganha um aspecto humano a partir do momento em que se torna um narrador da história. Portanto, para mim, seu jeito de se referir a Miyu evocou o tipo de comportamento que me incomoda nos homens. Verdade seja dita, Ela e o seu gato também mostra a cumplicidade que existe entre nós e nossos companheiros de quatro patas e retrata a solidão da mulher que, por algum motivo, não se encaixa nos padrões que a sociedade impõe.
Título original: 彼女と彼女の猫
Editora: NewPop
Autores: Makoto Shinkai (história) e Tsubasa Yamaguchi (arte)
Tradução: Karen Kazumi Hayashida
Publicação original: 2016
ANTES QUE O CAFÉ ESFRIE 3, Toshikazu Kawaguchi
Antes que o café esfrie 1 e 2 não foram leituras favoritas, mas foram histórias que mexeram muito comigo. Por isso, apesar de certa preguiça (não tenho mais paciência com séries), decidi ler o terceiro volume quando soube que o tema central era o luto. Não chegou a ser uma decepção, mas ficou muito abaixo do esperado – tanto em relação às minhas expectativas, quanto em comparação com os livros anteriores.

Uma crítica que sempre ouço a Antes que o café esfrie é o quanto as regras para a viagem no tempo são repetidas. E eu entendo a ressalva, mas também admito que nunca foi algo que me incomodou… até o terceiro volume. Realmente não tem como defender! Além disso, senti uma falta de conexão com os personagens e as histórias não me envolveram, mesmo falando sobre perda e luto, temas pelos quais me interesso muito. Poderia dizer que uma motivação para ler Antes que o café esfrie 3 seria a revelação da história da Mulher de Vestido Branco. No entanto, a leitura foi tão arrastada que isso praticamente passou batido.
Título original: 思い出が消えないうちに
Editora: Valentina
Autor: Toshikazu Kawaguchi
Tradução: Jefferson José Teixeira
Publicação original: 2018
Já leram ou querem ler algum desses livros?