ReaDrops #1 | Fevereiro de 2025

Eu admito que estive em crise. Durante quase uma década, eu resenhei todos os livros que li. Nos últimos anos, confesso que escrever sobre cada leitura deixou de ser um prazer e se tornou cada vez mais uma obrigação. Quando descobri a gravidez, porém, em janeiro de 2022, quis e precisei reavaliar as minhas prioridades. E desde então, deixei de falar sobre muitas obras que li.

Isso me incomodou e talvez ainda incomode. Afinal, eu sempre tive certo orgulho de ter registrado tão detalhadamente todas as minhas leituras por tantos anos. Por que parar? Bom, porque a vida muda e, invariavelmente, a gente muda com ela. Desde que me tornei mãe, há 2 anos e meio, venho lutando contra o fato de que escrever sobre TODAS as minhas leituras se tornou um fardo – e não apenas pela rotina corrida e cronometrada. Tentei manter o hábito de resenhar pelo menos os livros que mais mexeram comigo, e falhei – tenho falado sobre todas lá no YouTube, mas é diferente…

Então, depois de muito resistir, aceitei que realmente não quero mais escrever resenhas sobre tudo o que leio. Claro que, vez ou outra, podem aparecer textos dedicados a um livro específico. Mas sem cobranças e obrigatoriedade. E para acalmar meu coração um pouquinho, decidi falar brevemente sobre as minhas leituras em um post mensal, que será publicado aqui e na minha newsletter!

E assim, chegamos ao que realmente interessa: a primeira edição do ReaDrops <3

O PERIGO DE UMA HISTÓRIA ÚNICA, Chimamanda Ngozi Adichie

Baseado em um trecho de uma palestra de Chimamanda no TED Talk em 2009, O perigo de uma história única traz reflexões e mensagens extremamente necessárias. Em apenas 42 pequenas páginas, o livro aborda questões de raça, fala sobre a importância da representatividade, evidencia as consequências negativas dos estereótipos e ainda exalta o poder que os livros têm de transformar nossas histórias únicas em tramas plurais. Mais atual do que nunca, O perigo de uma história única também mostra o quanto escutar apenas uma versão dos fatos prejudica o nosso pensamento crítico e nos impede de formar uma ideia um pouco mais próxima da realidade.

Título original: The danger of a single story
Editora: Companhia das Letras
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Tradução: Julia Romeu
Publicação original: 2009

A LONGA MARCHA, Stephen King

A Longa Marcha é uma prova de resistência em que 100 garotos concorrem a “O Prêmio”, que consiste na realização de qualquer desejo que o vencedor tiver pelo resto da vida. Mas, para vencer a competição, os concorrentes precisam estar dispostos a dar o sangue – literalmente – e o ganhador será, na verdade, o único sobrevivente.

Nós, leitores, acompanhamos a Longa Marcha de camarote, a partir do ponto de vista de Ray Garraty, ou “O Garoto do Maine”. Super fluida e envolvente, a trama tem contornos distópicos – com direito a um governo autoritário – e, como seria de se esperar, não economiza em cenas gráficas e aflitivas. A história nos leva a refletir sobre quem nos tornamos quando chegamos ao limite. Ou será que quem realmente somos é que se revela em situações extremas? No mais, acredito que seja uma história que começa e termina em si mesma, nos convidando a saborear a jornada em si.

Título original: The Long Walk
Editora: Suma
Autor: Stephen King
Tradução: Regiane Winarski
Publicação original: 1978

ELA E O SEU GATO, Makoto Shinkai

Infelizmente, a minha primeira decepção de 2025 :( A minha expectativa era a de que Ela e o seu gato fosse um mangá no estilo ficção de cura, gênero que tem me agradado muito nos últimos tempos. E eu não estava exatamente errada, já que alguns aspectos da história realmente se encaixam em tal proposta. No entanto, Chobi, o gato em questão, me incomodou profundamente – não acredito que eu estou falando mal de um personagem que é um GATO!! Isso porque Chobi passa a maior parte do mangá tecendo elogios à aparência e ao cheiro de Miyu, sua dona.

Eu sei, eu sei, ele é um gato e, para os felinos, o cheiro é um elemento importante. Mas Chobi ganha um aspecto humano a partir do momento em que se torna um narrador da história. Portanto, para mim, seu jeito de se referir a Miyu evocou o tipo de comportamento que me incomoda nos homens. Verdade seja dita, Ela e o seu gato também mostra a cumplicidade que existe entre nós e nossos companheiros de quatro patas e retrata a solidão da mulher que, por algum motivo, não se encaixa nos padrões que a sociedade impõe.

Título original: 彼女と彼女の猫
Editora: NewPop
Autores: Makoto Shinkai (história) e Tsubasa Yamaguchi (arte)
Tradução: Karen Kazumi Hayashida
Publicação original: 2016

ANTES QUE O CAFÉ ESFRIE 3, Toshikazu Kawaguchi

Antes que o café esfrie 1 e 2 não foram leituras favoritas, mas foram histórias que mexeram muito comigo. Por isso, apesar de certa preguiça (não tenho mais paciência com séries), decidi ler o terceiro volume quando soube que o tema central era o luto. Não chegou a ser uma decepção, mas ficou muito abaixo do esperado – tanto em relação às minhas expectativas, quanto em comparação com os livros anteriores.

Uma crítica que sempre ouço a Antes que o café esfrie é o quanto as regras para a viagem no tempo são repetidas. E eu entendo a ressalva, mas também admito que nunca foi algo que me incomodou… até o terceiro volume. Realmente não tem como defender! Além disso, senti uma falta de conexão com os personagens e as histórias não me envolveram, mesmo falando sobre perda e luto, temas pelos quais me interesso muito. Poderia dizer que uma motivação para ler Antes que o café esfrie 3 seria a revelação da história da Mulher de Vestido Branco. No entanto, a leitura foi tão arrastada que isso praticamente passou batido.

Título original: 思い出が消えないうちに
Editora: Valentina
Autor: Toshikazu Kawaguchi
Tradução: Jefferson José Teixeira
Publicação original: 2018

Já leram ou querem ler algum desses livros?

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