Resenha de Jane Eyre – Charlotte Brontë

Gostaria que fosse diferente, mas uma das heranças que as leituras obrigatórias da escola me deixaram foi o medo de ler clássicos. Desde que me tornei leitora assídua, no entanto, me propus a explorar o gênero aos poucos. E, entre experiências boas e outras nem tanto, entendi o que, hoje, me parece óbvio: clássicos são como quaisquer outros livros. Por serem plurais, nem todos vão nos agradar. Mas sempre existe aquele que parece ter sido escrito para nós – como Jane Eyre pra mim!

O 1º ponto que me surpreendeu foi o estilo de Charlotte Brontë: embora tenha uma linguagem clássica, a escrita da autora também é objetiva. A narrativa em 1ª pessoa, que quebra a 4ª parede em alguns momentos, é extremamente envolvente, o que torna a história muito fluida. Depois da metade, houve um trecho em que o livro me perdeu um pouquinho. No entanto, eu já estava totalmente imersa na trama e não havia a possibilidade de abandoná-la!

Jane Eyre é um romance de formação que nos guia pela trajetória da personagem-título. E por meio de sua história, nos deparamos com questões de classe e gênero que são ainda bastante atuais. Jane é dona de opiniões muito bem delineadas e é extremamente fiel a elas, o que nos proporciona também reflexões sobre o quanto enxergamos e valorizamos (ou não) o que nos faz ser quem somos. A construção de Jane, aliás, é impecável. Ao mesmo tempo em que reproduz valores e costumes da época (o livro é de 1847), a protagonista também é uma mulher à frente de seu tempo. Essa tridimensionalidade faz com que Jane soe real e possibilita que entendamos os seus porquês, mesmo quando não concordamos com suas atitudes.

Jane Eyre traz ainda um belo e trágico romance. Eu confesso que não é meu forte, mas gostei muito da dinâmica entre Jane e seu amado – podemos levantar algumas questões, mas sem esquecer que se trata de um livro de quase 2 séculos atrás. E admito que Charlotte conseguiu me comover com as declarações de amor – talvez porque sejam teatrais e até melodramáticas, mas muito verdadeiras em sua essência. Por tudo isso, é fácil entender por que Jane Eyre é um clássico atemporal!

Título original: Jane Eyre
Editora: Zahar
Autora: Charlotte Brontë
Tradução: Adriana Lisboa
Publicação original: 1847

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